domingo, 14 de fevereiro de 2016

A FERROVIA CHEGA AO NORTE DO PARANÁ EM 1930


A ferrovia está intimamente ligada com a colonização, surgimento e desenvolvimento da cidade. Com ela chegaram aventureiros e trabalhadores ingleses eportugueses, além de pioneiros paulistas e mineiros, na maioria, mas as picadas também foram abertas por muitos outros.
A Companhia Ferroviária Noroeste do Paraná foi criada em 1920, por um grupo paulista, trocando essa denominação, em 1923, para Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná. A cidade de Cornélio Procópio surgiu e desenvolveu-se às margens do km 125 da ferrovia, esta também detentora de interessante história que se confunde ou funde-se com a própria história do Norte do Paraná.
A Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná fazia parte de um projeto de capitalistas de São Paulo visando o objetivo maior de atrair para aquele Estado toda a produção de café que se iniciava no Norte do Paraná, e também a produção agrícola que porventura surgisse na região.
A ferrovia não se limitaria apenas ao Norte do Paraná, uma vez que cortaria todo o Estado de forma diagonal até Guaíra, as margens do Rio Paraná. Vale salientar que seu início é na cidade de Ourinhos (SP), como um ramal da Estrada de Ferro Sorocabana. De acordo com os projetos e ideias originais, de Guaíra a ferrovia se prolongaria até Assunção, capital do Paraguai. Era um projeto grandioso e dispendioso. Vencer o sertão não era a dificuldade principal, mas sim convencer investidores e angariar capital.
Para a construção da ferrovia, havia necessidade de autorização ou concessão do Governo Federal, fator que não era problema, pois o mesmo era influenciado por São Paulo e Minas Gerais, dentro daquilo que se convencionou chamar "política do café com leite".
Quem obteve a concessão foi o grupo econômico liderado por Antônio Barbosa Ferraz, que fez construir o primeiro trecho da ferrovia ligando Ourinhos aCambará, até uma importante fazenda do grupo. Devido a falta de capitais a construção ficou estacionada nessa localidade por um bom tempo.
A solução para a construção viria através da venda das ações da ferrovia para empresários ingleses, atraídos pela fertilidade e disponibilidades das terras no Norte do Paraná. Diga-se de passagem a possibilidade de bons lucros foi o melhor argumento.
Na manhã de 1º de dezembro de 1930, a maria fumaça inaugurava o percurso compreendido entre Cornélio Procópio, Santa Mariana, Bandeirantes e Cambará. Em março de 1931, a cidade recebeu a visita do Príncipe de Gales (futuro Rei Eduardo VIII). Uma grande recepção foi feita para homenageá-lo.
Um funcionário da Companhia de Terras Norte do Paraná, Gordon Fox Rule,[8] justificou as razões da visita do príncipe: "Um episódio interessante ocorrido durante a fase inglesa na Companhia foi a visita que nos fez o Príncipe de Gales, que posteriormente viria a ser o Rei Eduardo VIII da Inglaterra. Consta que ele era grande acionista da empresa Paraná Plantations (que antecedeu a Companhia de Terras), daí o seu interesse em visitar as terras do Norte do Paraná."
Devido a várias divergências políticas da época, inclusive a incidência de algumas invasões de terras, Francisco Junqueira e sua esposa se viram impossibilitados de efetuar o loteamento planejado. Mas em 1933, com a chegada de Antônio Paiva Júnior e Francisco Moreira da Costa, a instituição do município ganhou força total.
Cornélio Procópio cresceu rapidamente, dependendo administrativamente de Bandeirantes. No ano de 1938, uma comissão formada por moradores resolveu pleitear a emancipação política e a criação de um novo município. Faziam parte dessa comissão, entre outros, José Paiva, Oscar Dantas e Américo Ugolini, que, utilizando-se de um documento onde se colocavam os motivos para a criação do município, elaborado por Benjamin Sotto Maior, que era administrador da Cia. Barbosa, foram a Curitiba para pleitear audiência com o interventor (governador) do Estado naquela época, Manuel Ribas.
Portando credenciais e cartas fornecidas pelas empresas Matarazzo, de São Paulo, que possuía uma fazenda (Santa Filomena) na região, e uma carta de apresentação pessoal, da própria filha de Manoel Ribas, a comissão foi recebida e expôs seus motivos e intenções.
Desta maneira, o município de Cornélio Procópio foi criado pelo Decreto nº 6.212, de 18 de janeiro de 1938, mas a implantação ocorreu somente no dia 15 de fevereiro. Naquela mesma oportunidade, Manoel Ribas transferiu a sede da Comarca de Jataizinho para o novo município. Cornélio Procópio, de simples povoado, passou a sede de município e sede de comarca, tudo no mesmo dia.
Desde sua emancipação política Cornélio Procópio vem crescendo e se destacando no cenário regional, como o demonstra o fato de ser sede dos núcleos regionais de diversas secretarias estaduais, como a da Educação, da Agricultura, do Trabalho e da Saúde, bem como de serviços e agências estaduais e federais.

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