quarta-feira, 30 de março de 2016

PONTE E BALSA SOBRE O RIO PARANÁ FERROVIA NOROESTE BAURU CORUMBÁ

No início do século XX, a travessia do Rio Paraná para a região nordeste do atual estado de Mato Grosso do Sul era feita através de um porto no município Paranaíba.
Com a expansão da economia paulista durante o período compreendido entre o golpe militar de 1889 e os anos de 1930, predominados pela política do café-com-leite, a malha ferroviária do estado de São Paulo necessitava se expandir para possibilitar o escoamento de seu principal produto, o café. Utilizando-se mormente de empréstimos no exterior, tendo como garantias os lucros com o café e outros cauções por parte do Governo Federal, esse estado passou a investir em sua infra-estrutura, beneficiando, assim, os estados vizinhos.
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil surge como uma lucrativa possibilidade de ligar o Porto de Santos, no Oceano Atlântico, ao Oceano Pacífico, passando pela região central do estado de São Paulo, sul de Mato GrossoBolívia e Chile. No caminho, no entanto, encontravam-se grandes obstáculos naturais. A maior barreira na primeira parte do percurso era o Rio Paraná, na altura da atual cidade sul-matogrossense de Três Lagoas. A construção da ferrovia, no entanto, não esperou a conclusão da transposição desse obstáculo. Continuou do lado treslagoense, à espera que uma ponte unisse o lado paulista ao matogrossense da estrada de ferro.
O erguer da ponte, no entanto, atrasou-se por motivos tanto tecnológicos, quanto financeiros. O primeiro projeto era de uma ponte com características diferentes do que foi levado a cabo. Em 1918, o contrato com a empreiteira responsável foi rescindido e o projeto, alterado. A estrutura metálica já adquirida era pouco resistente aos tipos de trens a serem adotados e seu uso no local nunca ocorreu. Iniciou-se o planejamento da Ponte Francisco Sá tal como ela se apresenta hoje.
A travessia do Rio Paraná, no ponto chamado de Jupiá, até então era feita por balsas. Duas locomotivas, uma de cada lado do rio, carregavam e descarregavam vagões nas balsas. Elas eram compostas de duas vastas lanchas de ferro unidas uma à outra, possuindo cinco linhas paralelas. Essas lanchas chatas eram presas às poupas de dois rebocadores, o Conde Frontim e o Marechal Hermes, os quais, na verdade, empurravam-nas.
Os passageiros desembarcavam na antiga estação do Jupiá, que se encontrava do lado paulista do Rio Paraná. De lá, prosseguiam em um barco auxiliar para o Jupiá treslagoense, onde novamente embarcavam no trem, uma vez que este estivesse devidamente carregado. O sistema funcionou até 1926, quando foi inaugurada a Ponte Francisco Sá.
O material metálico não utilizado quando da mudança do projeto em 1918 foi utilizado na substituição de numerosas pontes de madeira existentes no lado matogrossense da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Por esse motivo, a NOB passou a possuir um rico patrimônio de pontes ferroviárias metálicas.
O nome Francisco Sá é uma homenagem ao ministro de viação e obras públicas, que chefiou este ministério durante os anos de construção da ponte.









Mapa de todas as estações da ferrovia Noroeste entre Bauru e Corumbá




















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domingo, 14 de fevereiro de 2016

ALL DESATIVA TRECHOS DE FERROVIAS NO PARANÁ

Trechos inoperantes da malha ferroviária do Paraná encarecem custos

Valéria AuadaPublicado06/11/2011 - 09h55Atualizado08/03/2014 - 04h26


A inoperância de trechos da malha ferroviária no interior do Paraná obriga a maioria das empresas a procurar o transporte rodoviário, que é mais caro. As empresas que procuraram trechos alternativos do modal ferroviário reclamam da falta de vagões para o escoamento da produção. E há algumas que usam as duas modalidades de transporte, mas também reclamam do preço do frete para transportar a produção nas estradas.

Segundo o diretor do Instituto Reage Brasil e ex-chefe do escritório da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) entre 1997 e 2003 no Paraná e Santa Catarina, Paulo Sidnei Ferraz, depois das concessões da malha ferroviária feitas pelo governo federal à iniciativa privada, os trechos de baixa densidade no Paraná, entre Jaguariaíva e Marques dos Reis, no Norte Velho, Maringá e Cianorte, no Norte, Rio Negro e União da Vitória, no Sul, e Morretes e Antonina, no litoral, foram "totalmente desativados".

Para o diretor do Instituto Reage Brasil, estas regiões do interior do Paraná cujas ferrovias estão desativadas ficaram prejudicadas. Ele calcula que 20% dos 2.500 quilômetros da rede ferroviária paranaense que estão sem a circulação de trens de carga são do interior.

"As empresas precisam da ferrovia como alternativa de transporte mais barato. A ferrovia dá garantia de maiores volumes de vendas de produtos das empresas, desde o recebimento de matéria-prima até a distribuição de seus produtos. Outros benefícios das ferrovias no interior são que elas são menos poluentes e retiram os caminhões das rodovias e vias urbanas", diz Ferraz.

Empresas reclamam

A Companhia Agrícola Usina Jacarezinho utiliza a malha ferroviária desde a década de 70 quando o trecho Jacarezinho em direção a Curitiba estava em operação. Dentro da indústria há inclusive um desvio ferroviário que sempre abastecia os vagões para levar a produção a Paranaguá.

Com a inoperância do trecho Jacarezinho em direção a Curitiba, a empresa transporta açúcar pelo entroncamento ferroviário de Ourinhos (SP) para o Porto de Santos. "O problema é que com a desativação do trecho de Jacarezinho sentido Curitiba e uso do entroncamento ferroviário de Ourinhos, o transporte ficou mais demorado, no mínimo de uns quatro dias. E não é sempre que há disponibilidade de vagões para carregar o açúcar da usina", reclama o gerente administrativo-financeiro da usina, José Carlos Fagnani.

A usina diminuiu o transporte de açúcar pelo modal ferroviário e paga frete 50% mais caro pelo transporte rodoviário. "A nossa demanda pelo transporte rodoviário é de 650 toneladas por dia. Hoje só transportamos 20% deste valor pela ferrovia e 80% da produção de açúcar é expedida por caminhões", afirma Fagnani.

A usina também produz álcool, mas há um ano não transporta o produto pela malha ferroviária por causa da demora para chegar ao seu destino. "Se mandar o álcool pela ferrovia para Araucária, é preciso enviar primeiro para Ourinhos, de Ourinhos para Londrina, de Londrina para Curitiba até chegar a Araucária. O álcool demoraria uma semana para chegar a Araucária. Por rodovia, leva um dia para chegar a Araucária", relata Fagnani.

A Capal Cooperativa Agroindustrial, com sede em Arapoti, nos Campos Gerais, já utilizou a malha ferroviária que está inoperante no município para exportar grãos e trazer fertilizantes de Paranaguá nas décadas de 80 e 90, até quando o governo federal concedeu as ferrovias à iniciativa privada. A cooperativa deixou de utilizar o modal porque o trecho da malha ferroviária de Arapoti em direção a Paranaguá e Ponta Grossa foi desativado. Ainda hoje há um ramal sem operação dentro da cooperativa, de onde eram enviados os grãos para Paranaguá e Ponta Grossa.

O superintendente da Capal, Adilson Roberto Fuga, lembra que antes das concessões o transporte pela linha férrea era até 30% mais barato que o transporte rodoviário. "A questão do transporte de grãos piorou muito porque ele tem de ser rodoviário e cresceu a movimentação da cooperativa", comenta Fuga. Atualmente a Capal movimenta 350 mil toneladas de grãos por ano. Para embarcar 2 mil toneladas de grãos, que é um volume baixo, segundo Fuga, precisam ser acionadas 75 carretas.

"A reativação da linha férrea seria bem-vinda porque o mundo inteiro usa este meio de transporte mais barato. Só o Brasil que utiliza o sistema rodoviário como
principal meio de transporte de carga", critica o superintendente da Capal. A cooperativa comercializa, além de grãos, leite, suínos e insumos agrícolas.

A desativação da ferrovia que passa por Arapoti também afetou a Stora Enso Arapoti. Todo o papel que a empresa exporta para a Argentina é enviado por trem. Mas para chegar ao seu destino, o papel sai da empresa em um contêiner em cima de caminhão de Arapoti até Ponta Grossa, onde há um terminal ferroviário.

Além de precisar transportar o papel pelo modal rodoviário e depois escoá-lo por trem para chegar à Argentina, a Stora Enso enfrenta o problema da falta de vagões. "Há escassez de vagões para atender a demanda da exportação para a Argentina. Se pudesse carregar o papel direto na malha ferroviária em Arapoti, otimizaria a operação e os custos de logística. A linha férrea de Arapoti faz falta tanto para enviar o papel como para receber algumas matérias-primas", constata o Gerente de Supply Chain da empresa, Rogério Pasquali.

Segundo ele, a falta da linha ferroviária limita a empresa a utilizar o transporte rodoviário que, segundo suas contas, está entre 55% a 60% mais caro que o modal ferroviário. "Sem contar a escassez de caminhões existentes hoje no mercado, principalmente na época da safra de grãos", diz Pasquali.

O secretário de Planejamento de Arapoti, Claiton Siqueira, diz que o Plano Diretor do município contempla o uso econômico da linha de trem. "Economicamente é viável o uso da malha viária na região de Arapoti como fator de logística e transporte de carga", avalia Siqueira. Segundo ele, os trilhos que passam pelo município estão precários e "extremamente degradados", além do mato que toma conta da ferrovia. A estação ferroviária foi restaurada pela prefeitura e hoje abriga a Casa de Cultura de Arapoti. A prefeitura tem um termo de uso da estação ferroviária desde os anos 90.

ALL

Sobre os trechos que estão inoperantes no interior do Paraná, a América Latina Logística informa que aguarda uma posição da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em julho deste ano, a agência pediu à ALL e a outras concessionárias do País um estudo sobre a viabilidade e a situação dos trechos e ramais subutilizados ou sem tráfego de cargas.

Os trechos que estão sob análise da ANTT no Paraná ficam entre Maringá e Cianorte, Morretes e Antonina, Rio Negro e União da Vitória e Jaguariaíva e Marques dos Reis. A assessoria de imprensa da ANTT informa que a situação dos trechos inoperantes no interior do Paraná está em fase de análise, bem como de outros ramais ferroviários do país.

De acordo com a ALL, os trechos entre Jaguariaíva e Marques dos Reis, Maringá e Cianorte, Rio Negro e União da Vitória e Morretes e Antonina são considerados de baixa densidade desde antes de ter assumido o controle da Malha Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte do sul do Estado de São Paulo). "A empresa busca continuamente parcerias comerciais para captar e viabilizar a retomada de circulação de trens nestes trechos", informa a ALL por meio de nota.

Ainda segundo a ALL, os trechos de baixa densidade são mantidos em condições de circulação de ronda de auto de linha (veículos de inspeção), podendo vir a operar normalmente quando for necessário, bastando alguns ajustes técnicos.

Investimentos

A América Latina Logística (ALL), que administra 2.100 quilômetros de ferrovia no Paraná, está investindo este ano R$ 150 milhões no Estado, no aumento da produtividade e da segurança da operação de transporte ferroviários de cargas em linha com suas metas de concessão.

De acordo com a ALL, com estes investimentos houve um crescimento médio anual de 10% ao ano em volume transportado, produtos de origem agrícola e industrial, com destaque para a soja, milho, farelo, óleo vegetal, combustíveis, madeira, siderúrgicos, cimento e produtos frigorificados.

No primeiro ano de operação da ALL na Malha Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte do sul do Estado de São Paulo), em 1997, o volume de carga para Paranaguá foi de 4,39 milhões de toneladas. No ano passado, houve um crescimento de 137% em relação ao ano de 1997, com o volume de carga com destino ao Porto de Paranaguá chegando a 10,43 milhões de toneladas.

ESTACÃO DE TRENS ( FERROVIÁRIA ) DE JAGUARIAÍVA TREM FERROVIA

www.estacoesferroviarias.com

C. E. F. São Paulo-Rio Grande (1905-1942)
Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (1942-1975)
RFFSA (1975-1996)
JAGUARIAÍVA 
Município de Jaguariaíva, PR
linha Itararé-Uruguai - km 97,929 (1935) PR-0053
Altitude: 840 m Inauguração: 19.10.1905
Uso atual: em restauro (2014) com trilhos
Data de construção do prédio atual: 12.09.1936
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha Itararé-Uruguai, a linha-tronco da RVPSC, teve a sua construção iniciada em 1896 e o seu primeiro trecho aberto em 1900, entre Piraí do Sul e Rebouças, entroncando-se em Ponta Grossa com a E. F. Paraná. Em 1909 já se entroncava em Itararé, seu quilômetro zero, em São Paulo, com o ramal de Itararé, da Sorocabana. Ao sul, atingiu União da Vitória em 1905 e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul, divisa com Santa Catarina, em 1910. Trens de passageiros, inclusive o famoso Trem Internacional São Paulo-Montevideo, este entre 1943 e 1954, passaram anos por sua linha. Os últimos trens de passageiros, já trens mistos, passaram na região de Ponta Grossa em 1983. Em 1994, o trecho Itararé-Jaguariaíva foi erradicado. Em 1995, o trecho Engenheiro Gutierrez-Porto União também o foi. O trecho Porto União-Marcelino Ramos somente é utilizado hoje eventualmente por trens turísticos de periodicidade irregular e trens de capina da ALL. O trecho Jaguariaíva-Eng. Gutierrez ainda tem movimento de cargueiros da ALL.
 
A ESTAÇÃO: A estação de Jaguariaíva, antigo pouso de tropeiros, foi inaugurada em 1905, permanecendo como ponta de linha por mais de dois anos e meio, até ser aberta a estação de Fábio Rego, no caminho para Itararé. A partir de 1919, passou a ser ponto de
ACIMA: A célebre discussão sobre a linha construída pela Cia. São Paulo-Rio Grande e entregue em 1909 entre Itararé e Jaguariaíva: cheia de curvas, tinha cerca de 98 km para uma distância em linha reta entre as duas cidades de apenas pouco mais de 40 km. A charge publicada nesse ano levava em conta essas críticas (O Malho, 17/4/1909). ABAIXO: Planta da nova estação de Jaguariaíva feita em 1934 (Correio do Paraná, 10/4/1934).
saída do ramal do Paranapanema, ramal este que somente aringiu o rio, na divisa com São Paulo, em 1937, chegando até Ourinhos. Em 1920, à frente da estação foi entregue o prédio do Frigorífico Matarazzo, com um desvio para ele, onde recebia suínos e bois, exportando carne em vagões frigoríficos dali para São Paulo eCuritiba. Em 12/09/1936, foi entregue a nova estação, substituindo

ACIMA: Acidente em Jaguariaíva em 1963, na saída do trem para o ramal de Paranapanema (Autor desconhecido). ABAIXO: O restaurante na estação de Jaguariaiva, sem data (Acervo Rafael Gustavo Pomim Lopes).
a velha, de madeira: a nova era muito maior, mais confortável e com um imenso restaurante, entre outros cômodos. Na estação existia um depósito de locomotivas e uma caixa d'água, além de uma oficina e de diversos edifícios para funcionários; fora a caixa d'água, nada disso restou, separadao hoje do pátio por uma rua; ainda há restos do velho desvio desativado que servia essa área. A linha para Itararé foi retirada em 1993; apenas o trecho que

ACIMA: Estação ferroviária de Jaguariaiva e construção da Matarazzo ao fundo. Foto da década de 1950 (Cessão Rafael Gustavo Pomim Lopes).chegava até a PISA (fábrica de papel e celulose instalada nos anos 1980) foi mantido, mas há anos está abandonado, exatamente porque o papel seguia pelo ramal de Itararé, da antiga Sorocabana, e, com a retirada deste e do trecho até ele, a fábrica não se interessou em mandar mais por ferrovia, pois precisaria dar uma volta muito grande para mandar para seus clientes em São Paulo. Parte do trecho para a PISA teve trilhos roubados. Em 1981,
ACIMA: Pátio de Jaguariaíva em 1/11/1992 (Foto Carlos R. Almeida). ABAIXO: A estação, seu enorme pátio e a antiga Matarazzo à frente, supostamente em 1999 (Memórias do Frigorífico da IRFM, Ângela Brandão, 2000).
a Matarazzo, que não era mais frigorífico desde 1964, mas sim uma tecelagem, fechou; o prédio foi vendido para a Caniê, que fechou em 1995. Esse prédio, em 1999, foi comprado pela Prefeitura. Por volta de 1990, a linha que seguia até Itararé foi desativada, pois já desde 1975 funcionava a variante dePinhalzinho, que liga Itapeva a Ponta Grossa passando a leste da linha original. Os trilhos foram retirados neste época, e hoje a estação de Jaguariaíva, está ao

ACIMA: A estação em 5/6/2013 (Foto Daniel Gentili).lado dos trilhos: tanto eles (desde 2001) como a estação (desde os anos 1990) perderam sua função. Por anos, a Secretaria Municipal da Educação e o Sindicato dos Ferroviários ocuparam a estação, este numa sala lateral. Em 2006, depois de restaurar totalmente o prédio, a Prefeitura passou a ter sua sede na antiga estação até o início de 2014, quando nudou-se dali para ser feito um novo restauro no prédio, para abrigar a "Estação Cidadã Durvalino de Azevedo", seja lá o que isso signifique.
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Rafael Pomim; Daniel Gentili; Rafael Gustavo Pomim Lopes; Argemiro Augusto Ludwig; José Luiz Paz Souza; Rodrigo Cunha; Augustinho Fajar; Correio do Paraná, 1934; Gazeta do Povo; Ângela Brandão: Memórias do Frigorífico da IRFM, 2000; IBGE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1960; RVPSC: Horário dos Trens de Passageiros e Cargas, 1936; RVPSC: Relatórios anuais, 1933-60; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht)
   

Supostamente, chegada do primeiro trem de Itararé em 1908... Autor desconhecido, acervo Gazeta do Povo

Estação original de Jaguariaíva, em 1935, às vésperas de ser desativada. Relatórios RVPSC

Estação nova de Jaguariaíva, em 1935, em final de obras. Relatórios RVPSC

Estação nova de Jaguariaíva, em 1935, em final de obras. Relatórios RVPSC

A inauguração da estação, em 1935. Acervo Augustinho Argemiro Ludwig

A banda toca na plataforma, na inauguração da estação, em 1935. Acervo Augustinho Argemiro Ludwig

Restaurante da estação, em 1937. Relatórios RVPSC

Sala de espera da estação, em 1937. Relatórios RVPSC

Estação nova de Jaguariaíva, em 1937. Relatórios RVPSC

A plataforma da estação, em 05/1999. Foto Rodrigo Cunha

A estação, em 05/1999. Foto Rodrigo Cunha

Placa da estação, em 05/1999. Foto Rodrigo Cunha

Armazém da estação, em 05/1999. Foto Rodrigo Cunha

A estação, em 05/1999. Foto Rodrigo Cunha

A plataforma da estação em 24/09/2002. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht.

Fachada da estação em 24/09/2002. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht.

A estação restaurada em 03/2006. Foto Augustinho Fajar

A estação em 8/10/2006. Foto Ralph M. Giesbrecht

ESTAÇÕES DE TRENS DO SUL DO BRASIL COM MAPAS
















































PÁTIO UVARANAS PONTA GROSSA MAIOR ENTROCAMENTO FERROVIÁRIO DO SUL DO BRASIL


DO RIO GRANDE A SÃO PAULO DE TREM ( RELATO DA VIAGEM ) EFSPRG


Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande 

Da Argentina ao Brasil por trem 

Pedro Mair (1) – Tradução: Jairo A. O. Mello 

Centro-Oeste  – 25 Out. 1990 

Estação Frederico Lacroze, 11 de maio de 1959, 10 horas. Parte o trem com destino a Posadas com baldeação para Corrientes e também para Assunção do Paraguai. Há poucos dias, foi restabelecido o serviço ferroviário entre Buenos Aires e as províncias mesopotâmicas, interrompido durante várias semanas por uma inundação provocada pelos rios Paraná e Uruguai.

O trem das 10 horas cumprirá um serviço condicional. Está formado por 16 carros: de primeira e segunda classe, dormitórios, restaurante, correio e alguns vagões de carga. Na estação há muita gente e, à medida que chega a hora da partida, é maior o movimento nas plataformas. Pontualmente, o trem se põe em marcha e lentamente sai da estação, enquanto se produzem as habituais cenas de despedida, geralmente tristes.

La Paternal, Agronomia, Devoto, o percurso que fiz tantas vezes com o "ex-bonde"(2) parece diferente, visto de um trem de longa distância. Depois de uma breve parada na estação Pereyra, começa para mim o desconhecido, pois nunca havia viajado pelo ramal do Ferro Carril Urquiza a Zarate.

Já em Zarate, o trem se detém por aproximadamente meia hora, tempo que muitos passageiros aproveitam para reabastecer-se de comestíveis nos armazéns próximos à estação. Logo o trem "baixa" ao embarcadouro do ferry-boat (3). Com alguma dificuldade, pelo ainda muito elevado nível das águas do Paraná de las Palmas, os veículos são embarcados em grupos de quatro.

A viagem no ferry foi inesquecível. Enquanto ele avançava pelos braços do Paraná e o sol se ocultava no horizonte, um conjunto folclórico (harpas, guitarras e cantores) oferecia um recital para os passageiros.

Puerto Ibicuy. Já é noite, o atracadouro está iluminado, as luzes se refletem nas águas — e existe água por todos os lados. Nos informam que, devido à altura das águas, não é possível desembarcar o trem. Assim, todos, com crianças, malas, embrulhos etc. são obrigados a descer por uma rampa e tomar o outro trem ali estacionado. Há um cartaz igual aos que indicam os nomes das estações, e que diz: Província de Entre Rios.

Terminada a operação de transbordo, continua a viagem. Poucos minutos e estamos em Holt. Na penumbra, se distinguem as oficinas e inumeráveis locomotivas a vapor.

O trem avança mais devagar. Em ambos os lados da linha ainda existe água. Os passageiros já jantaram, é bastante tarde, mas ainda existe muita animação nos carros, especialmente nos de segunda. Se conversa em voz alta, alguns jogam truco, e um passageiro porta um reluzente e bonito bandoneon, que toca com maestria. Também roda o mate e o vinho tinto.

A maioria dos carros tem de um lado bancos de madeira para 4 pessoas e, do outro lado, há assentos para um só. Se dorme como se pode, sentado ou deitado sobre ou debaixo dos bancos. Apenas amanhece, todos, queiram ou não, se despertam. Muitos, com sua chaleira, se dirigem ao carro restaurante, para buscar água quente para o mate.

O homem do bandoneon, que havia dormido com ele por sobre as pernas, também acorda e imediatamente continua tocando, despertando aos poucos os que ainda estão dormindo.

O trem ainda percorre a Província de Entre Rios, agora tracionado por uma moderna locomotiva Henschel. Ficaram para trás Basabilbaso, Palmar de Colon e também a cidade de Concordia, em parte muito danificada pela enchente do rio Uruguai. Chajari, Mocoreta e já estamos na Província de Corrientes. A viagem continua sem maiores alternativas e às 22 horas chego ao destino: Paso de los Libres. Depois de 36 horas de viagem, entretanto, o trem continua sua viagem pela Província de Corrientes, até a de Misiones.

Em Uruguaiana, apesar de estar a poucos quilômetros da Argentina, tudo é diferente. Também a ferrovia é distinta — como em todo o sul do Brasil, é de bitola estreita. A estação da VFRGS (Viação Férrea do Rio Grande do Sul) é relativamente moderna. O material rodante é antigo, mas muito bem conservado. Existe pouco tráfego ferroviário pela ponte internacional, somente carga. Existem três trens semanais diretos a São Paulo, com um só transbordo. Começa para mim uma viagem, uma aventura inesquecível pelos "pagos" desconhecidos. Vão ficando para trás povoados e cidades como Alegrete, Cacequi, e o trem chega a Santa Maria, uma cidade-entroncamento e centro ferroviário importante.

Continua a viagem, agora em direção ao norte. Cada vez menos campos e pradarias, mas muitos montes. Cruz Alta, Carazinho, Passo Fundo, Erechim, todas cidades importantes. As ondulações do terreno, cochilhas, se converteram em pequenas serras cobertas de espessa vegetação. Marcelino Ramos, a última estação no Rio Grande do Sul. Aqui se baldeia a outro trem que pertence à RVPSC (Rede de Viação Paraná Santa Catarina). Esta companhia tem nos Estados do Paraná e Santa Catarina uma rede de 2.666 km. A viagem é cada vez mais impressionante, durante vários quilômetros o trem margeia o rio do Peixe. Só se vê o rio e a vegetação (sertão, ou selva). As curvas na via são incontáveis.

Existem algumas localidades importantes, como Joaçaba, Videira e Caçador. Em todas as estações, os habitantes oferecem frutas, pastéis — uma espécie de "empanaditas" recheadas com carne e palmitos —, tortas, pescado frito etc. e, logicamente, também o clássico cafezinho.

O trem é tracionado por uma locomotiva a vapor alimentada com lenha ou madeira dura, que abunda nesta zona. Entre o pessoal que conduz o trem, há um técnico capacitado para efetuar reparos de emergência durante a viagem. Porto União, última estação no Estado de Santa Catarina, ponte sobre o rio Iguaçu a aproximadamente 350 km das cataratas. Já percorremos 150 km no Estado do Paraná, passando, entre outras, pelas localidades de Irati (famosa por sua fábrica de fósforos), Teixeira Soares, e já estamos em Ponta Grossa. Daqui sai um ramal em construção para Apucarana que, com o ramal para Curitiba e Paranaguá, será um dos corredores para exportação que se projeta no Brasil. Sem inconvenientes, se continua a viagem ate Itararé, no limite com o Estado de São Paulo.

Aqui, uma locomotiva diesel-elétrica da EFS (Estrada de Ferro Sorocabana) toma conta do comboio. A EFS tem uma rede de 2.200 km de linhas, em sua maioria eletrificadas. à medida que nos acercamos de São Paulo, o trânsito ferroviário é cada vez mais intenso; trens de carga e de passageiros, pintados de verde, circulam com muita frequência.

18 de maio de 1959, o trem chega à estação Júlio Prestes, na cidade de São Paulo, depois de 76 horas de viagem, ou sejam, 4 dias e 3 noites. Uma viagem realmente interessante e inesquecível.